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Como saber se estou fazendo a coisa certa? Técnica Alexander insights!

  • Foto do escritor: Pedro Henrique
    Pedro Henrique
  • 15 de jun. de 2021
  • 4 min de leitura

Atualizado: 19 de abr.


Apreciação sensorial e a Técnica Alexander

Percepção sensorial defeituosa

Técnica Alexander - Pedro Souza


Tudo está contido no cosmos. Cada inspiração e expiração são únicas — o ar fresco entra, o ar morno sai, nossos pulmões se expandem, os fluidos se movimentam, nós nos movemos, dançamos. Agradeço à nossa fisiologia humana por nos permitir experimentar a beleza da existência.


Uma das experiências mais marcantes que tive nas minhas primeiras aulas da Técnica Alexander foi o aprendizado sobre a percepção sensorial defeituosa . Quando minha professora trabalhava comigo, percebi minha postura de uma forma diferente. Minha primeira reação foi presumir que eu estava “errado”.


Conversei com ela sobre o que estava sentindo, e sua resposta foi:

“Você não pode confiar totalmente nas suas sensações, pois até agora, tem vivenciado uma percepção sensorial defeituosa. Isso ocorre quando não recebemos um retorno sensorial preciso sobre o estado do nosso corpo ou quando interpretamos essas informações de forma equivocada.”

Fiquei intrigado com a explicação e fui atrás de entender mais sobre esse conceito.


Anatomicamente, temos receptores localizados nas articulações, músculos, tendões e ligamentos, responsáveis por fornecer informações ao sistema nervoso central sobre a situação do nosso corpo. Esses receptores, envolvidos na nossa consciência corporal, são chamados de proprioceptores . Eles compõem um sentido neuromuscular que informa o cérebro sobre a posição e o movimento corporal — frequentemente chamado de nosso “sexto sentido”, ou mais tecnicamente, somatossensação .


O termo somatossensação inclui as seguintes subcategorias:

  • Mecanocepção (pressão, vibração, toque discriminatório);

  • Termocepção (temperatura);

  • Nocicepção (dor);

  • Equilibriocepção (equilíbrio);

  • Propriocepção (sentido de posicionamento e movimento).


A cinestesia , por sua vez, é uma submodalidade da propriocepção, conhecida como o sentido do movimento. Ela nos permite perceber e reconhecer o movimento articular, incluindo sua direção, duração, amplitude e velocidade. Em resumo, cinestesia é o estudo do movimento e da percepção — tanto consciente quanto inconsciente — do próprio corpo em movimento.


É nesse momento, quando decidimos mudar de uma postura curvada para uma ereta, que o pensamento entra em cena.

Foi isso que minha professora quis dizer ao mencionar a percepção sensorial defeituosa: eu estava reagindo automaticamente às minhas sensações corporais, tratando-as como verdades absolutas. E sim, é essencial escutarmos o que o corpo nos diz — mas, para um autoconhecimento mais profundo, é necessário ir além das sensações.


Por exemplo, é comum pensarmos que, para melhorar a postura, basta endireitar a coluna, levar os ombros para trás e manter essa posição. Porém, após alguns minutos, o desconforto aparece, e acabamos voltando ao estado anterior, curvado. Isso acontece porque essa nova posição, mesmo que visualmente mais alinhada, foi baseada numa ideia mental e não numa mudança integrada entre corpo e pensamento.


É nesse momento, quando decidimos mudar de uma postura curvada para uma ereta, que o pensamento entra em cena. É uma ideia do que é certo que o faz acreditar que a posição em que se colocou é a correta.


Dizer “fique ereto”, “ponha os ombros para trás” ou “levante a cabeça” parece simples, mas essas instruções são altamente influenciadas por nossa percepção — muitas vezes distorcida — do movimento. Todo movimento está conectado ao pensamento. Nosso corpo adapta-se à maneira como pensamos e, muitas vezes, confiamos demais na forma como percebemos nossa posição, o que nos leva a uma falsa sensação de realidade: a tal percepção sensorial defeituosa.


Mas então, se não posso confiar nas minhas sensações, como saber se estou fazendo o certo?


Na Técnica Alexander, contamos com o auxílio de um(a) professor(a) e de um espelho. O(a) professor(a) nos guia para uma posição mais alinhada e natural, enquanto o espelho fornece um retorno visual, que ajuda a refinar nossa percepção. No meu caso, mesmo me sentindo estranho, minha professora me pediu para olhar no espelho e descrever o que via. Lembro-me de rir — o que eu via era completamente diferente do que eu sentia. Meu corpo estava alongado e alinhado, mas minha mente havia julgado essa nova experiência como “errada”.


Essa vivência abriu uma nova forma de me entender — não apenas fisicamente, mas também emocionalmente. Crenças que eu carregava começaram a se dissipar à medida que construía uma nova relação comigo mesmo.

Comecei a ter insights sobre minha personalidade e percebi que minha ideia de "eu" era uma mistura de conceitos que criei e de ideias que adotei de outras pessoas. A vida é uma jornada de experimentação contínua, e cabe a cada um de nós escolher vivê-la de forma consciente — ou não.


Como professor e instrutor de Yoga, aplico a Técnica Alexander em praticamente tudo que faço, especialmente no trabalho. Essa técnica me ajuda a usar meu corpo e minha mente de forma mais eficiente e a lidar com as emoções de maneira mais saudável.


A Técnica Alexander é um método educacional. Uma abordagem para entender como nosso corpo expressa nossos pensamentos — e como nossos pensamentos afetam nosso corpo. É um estudo prático da eficiência no movimento, que pode ser integrado a qualquer atividade.


Se você quiser saber mais sobre a Técnica Alexander, estou à disposição para oferecer suporte e ajudá-lo(a) a explorar seus aspectos mais profundos. Sessoes individuais online e presencial na regiao da Paulista e Santa Cecilia, São Paulo. Contato: +55 11 97689‑4265‬ (WhatsApp)


Algumas referências:

Photo by Alexandre Meneghini


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